---- Capitulo 7 Quando Marilia sugeriu chamar a policia, a reação de Dalia e Gabriel foi fascinante. Dalia desviou o olhar. Gabriel, por outro lado, explodiu de raiva. - Marilia, vocé acha que nao tenho coragem de chamar a policia por sua causa?! "Nao, Gabriel. Eu sei que vocé teria coragem. Mas sua preciosa Dalia jamais permitiria isso." Porque, no fundo, ela sabia. Sabia que seus joguinhos funcionavam com Gabriel, mas nao com a policia. Se investigassem e descobrissem que o pó de amendoim foi jogado por ela mesma... seria uma situação bem desconfortavel, nao acha? E foi exatamente o que aconteceu. No instante seguinte, Dalia interveio, sua voz suave e persuasiva. ---- - Gabi, nao faga isso. Marilia ainda é sua esposa... vocé nao pode coloca-la na cadeia por minha causa. Seu olhar era puro, angelical. - Além disso, eu estou bem. Suspirou e acrescentou num tom calculado: - Emesmo que nao fosse por ela, pense na familia Macedo. Se a esposa do herdeiro for presa, imagine o impacto para os acionistas... Grupo Macedo nao pode se dar ao luxo de um escandalo como esse. Gabriel apertou o maxilar, mas, no fim, cedeu. Ele poderia abrir mao de Marilia, mas nao de Dalia. No entanto, se nao podia denuncia-la, ainda assim, ela deveria pagar. - Marilia. Onome dela soou como um veredito. - Dalia tem um coração bondoso e nao quer te punir. Mas eu nao sou tao generoso. Seus dedos apertaram o pesco¢o dela, sua voz fria e ---- cortante. - A dor que ela sentiu essa noite, vocé também vai sentir. - Dr. Nicolau, traga o medicamento. Antes que pudesse reagir, Gabriel segurou seu queixo com forga e despejou um liquido desconhecido em sua boca. O efeito foi imediato. Uma dor lancinante. Ela caiu no chao, o corpo inteiro encharcado de suor frio, se contorcendo em espasmos violentos. O mundo girava, sua visao falhava. Ela tentava respirar, mas a dor era esmagadora, dilacerante. Por varias vezes, sentiu que perderia a consciéncia. No canto do quarto, Gabriel assistia. Frio. Impassivel. Inabalavel. - Déi, nao é? - Sua voz era cruel. - Foi assim que ---- Dalia se sentiu depois de beber aquele mingau envenenado. Agora vocé sabe. Agora vocé aprende. Marilia mordeu a propria mao com tanta força que rompeu a pele, o sangue escorrendo pelos dedos. Mas nao gritou. Nao implorou. Nao pediu perdao. Apenas encarou Gabriel com um olhar vazio, sem brilho. Ela entendeu a licao. Esse era o amor que sentia por ele. Essa era a consequéncia de ama-lo. E nunca mais repetiria o erro. A dora atormentou o dia inteiro. Somente de madrugada o efeito do medicamento comegou a passar. Ela estava exausta. Seu corpo inteiro encharcado de suor, o rosto palido como um cadaver. Foi entao que o telefone tocou. ---- Com os dedos trémulos, ela atendeu. - Al6...? A voz gentil da tia veio do outro lado da linha. - Marilia, querida. Seu tom era caloroso, reconfortante. - Suas passagens estao prontas. Fiz todos os tramites. Agora sé falta vocé me dizer quando pode vir. Eu reservo seu voo. Marilia piscou, com dificuldade. Ela queria partir ao amanhecer. Mas seu corpo estava quebrado. Ela mal conseguia se mover. Ese sua tia a visse assim, certamente se preocuparia. Entao, respirou fundo e mentiu. - Depois de amanha a noite. - Certo. - A tia sorriu. - Vou reservar sua passagem para o voo das 19h. Pegue seu passaporte e identidade, e retire sua passagem diretamente no aeroporto.