---- Capitulo 6 Essa acusacao veio do nada. Marilia suspirou, cansada. - Eunem cheguei perto da cozinha o dia todo. Como poderia ter colocado algo na comida da Srta. Dalia? Clarisse cruzou os bracos, langando-lhe um olhar de escarnio. - Só porque vocé nao entrou na cozinha, nao quer dizer que nao tenha mandado alguém fazer isso por vocé. Ela riu, satisfeita consigo mesma. - Hoje de manha, vi vocé e a Juli cochichando no jardim. Agindo de forma suspeita... E agora, veja só! Dalia passa mal logo depois do almogo. Muito conveniente, nao acha? - Deus do céu! - Juli ergueu as mãos, desesperada. - Eu jamais faria uma coisa dessas! Sou apenas uma empregada, por que eu me arriscaria envenenando alguém? - Entao, o que estavam tramando no jardim? - Clarisse insistiu, impiedosa. ---- Juli hesitou, lancando um olhar nervoso para Marilia. Como poderia repetir o que conversaram naquela manha, bem na frente de Gabriel e Dalia? O siléncio foi suficiente para condena-las. - Peguei vocés! - Clarisse exclamou, triunfante. - Dalia, quer que eu chame a policia? Envenenar comida é quase a mesma coisa que tentativa de homicidio! Dalia soltou um gemido fraco e agarrou a mao de Gabriel, os olhos marejados de lagrimas. - Gabi... esta doendo tanto... Eu vou morrer? Eu tenho medo... Gabriel nao pensou duas vezes. Levantou-a nos bracos e saiu apressado em direção a porta. - Preparem o carro! Vamos para o hospital agora! Antes de sair, lançou um ultimo olhar para Marilia. - Quando eu voltar, resolvemos isso. O olhar gélido dele nao deixava dtvidas. Para Gabriel, ---- ela ja era culpada. Assim que sairam, Juli desabou. - Meu Deus... O que eu faco?! Eu juro que nao fiz nada! As lagrimas escorriam pelo rosto enrugado. - Eu só queria ganhar meu dinheiro honestamente! Nao quero ser presa! Marilia sabia. Juli nao tinha colocado nada na comida. Mas foi ela quem cozinhou. E se nao apontasse um culpado, Gabriel jamais a deixaria em paz. - Quando ele voltar... - Marilia disse calmamente. - Diga que fui eu. - O qué?! - Juli arregalou os olhos. - Nao! Senhora, nao podemos admitir algo que nao fizemos! Marilia riu, sem humor. Ja havia entendido tudo. ---- Nao importava se confessasse ou nao. Gabriel ja tinha decidido que era culpada. Se o final era inevitavel, que ao menos pudesse poupar Juli. - Apenas diga o que eu pedi. - Sua voz soou firme. - Confie em mim. Eu sei o que estou fazendo. Foram longas horas no hospital. Quando Gabriel e Dalia finalmente voltaram, ja era de madrugada. E Gabriel voltou furioso. - Vocé é realmente esperta, nao 6? - sua voz saiu fria como gelo. - Sabia que Dalia é alérgicaa amendoim, entao triturou amendoins e colocou no mingau dela. Seus olhos ardiam de raiva. - Se eu nao a tivesse levado ao hospital a tempo, ela poderia ter morrido! Ele jogou um olhar para Juli. ---- - Ela ja confessou. Disse que foi vocé quem mandou. Seu olhar escuro perfurou Marilia. - Agora quero ouvir da sua boca. Por que fez isso?! Marilia se virou lentamente para Dalia. Ela parecia fragil, deitada na cama, com 0 rosto palido e os labios trémulos. - Marilia... - Sua voz saiu baixa, hesitante. - Eu nao acredito que vocé faria algo assim... Deve haver uma razao, nao é? Otima atuacao. Marilia sorriu. Olhou diretamente nos olhos de Dalia. E, sem desviar o olhar, respondeu com calma: - Obrigada pela confianga, Srta. Dalia. Fez uma pausa. Entao, sem mudar a expressao, completou: - Eu realmente nao fiz isso. ---- Osiléncio pesou. Dalia piscou, surpresa. - Eu nao sei por que Juli me acusou. Mas ha uma solução simples para isso. Marilia virou-se para Gabriel, sua voz serena, sem hesitagao. - Chame a policia. Se quer justiça, entao vamos fazer direito. - Ela sorriu. - Eu nao sou confiavel, nao é? Mas a policia pode investigar.